"Existe uma intensa pressão para que eu mantenha intacta cada uma de minhas identidades, cada um de meus rótulos. Por que razão eu sinto que, antes de conhecer minha história, ninguém me conhece de verdade? Um medo profundo surge ante a ideia de perder meus rótulos, e ao mesmo tempo há uma paz enorme em viver sem eles." -
Joan Tollifson
É uma mania sem fim depositar rótulos nas pessoas. Por exemplo:
- Marcela é a "atirada"
- Pedro é o "nerd"
- e Roberto é o "garanhão"
Parece que a "qualidade" até pesa mais que o próprio nome. Pessoas não são como produtos, onde carregam suas marcas por onde vão. São bem mais que isso.
Muitas vezes não aceitamos as mudanças pelas quais passamos. Batemos o pé e dizemos (ou até mesmo berramos aos quatro cantos com ar de "certeza") que somos assim, continuaremos assim e morreremos assim. Pura ilusão.
Não digo ao longo dos anos, mas sim ao longo dos dias, vamos nos modificando e deixamos de ser quem éramos a um dia atrás. Não pensamos mais da mesma maneira, não falamos mais daquele jeito, nem escutamos aquela música que não saia de nossa cabeça. É assim que a vida é. Uma constante metamorfose.
São pessoas e momentos que passaram por nós e que já não fazem mais parte da nossa história. Há de se aceitar que vivemos em um ciclo onde não se sabe quando iremos ganhar ou perder.
Mas existe coisa melhor que se entregar ao que se é? Não ao que se pensa que é, ou que te digam quem você é, mas sim se deixar levar pela sua essência. Sem máscaras.
Não viver encarcerado em uma alma ou em um corpo que não te pertence. Mas sim, ser transparente.
Sofrer, sim. Chorar, nem se fala. Mas o que seria de nós sem tudo isso?
Não há por que ter medo de ser vulnerável. Todos somos. Porém somos poucos que deixamos mostrar.
Ir a luta quando precisar. Se impor, sem nenhum tipo de violência. Saber aceitar um não. Aproveitar a vida que se tem. Ou mudar para melhor. Mas sempre buscar se inovar e sentir paz no coração.
Sei que não me prendo mais ao que se foi. Porque foram dias perfeitos, onde aprendi a valorizar quem se tem por perto. Quem te soube valorizar. E é essa troca que faz com que as coisas se tornem reais e saltem do mundo dos sonhos ou das ilusões. Para algo concreto, que fique sempre na lembrança.
Não se deve esquecer que só temos aquilo que lutamos. Aquilo que desistimos, nunca foi nosso.
Por isso, sempre lute. Tente. Não queira chegar aos 60 anos com a lucidez de que se foi um covarde a vida inteira.
Parece confuso o que escrevi, mas só eu entendo mesmo. Eu e outras pessoas que fazem parte da minha história.
Chego somente a conclusão que por fim, felizmente, encerro esse longo capítulo. Não quero mais confusão ou incertezas. Só me interessa viver.
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Experiência própria
Sempre fui tida como quieta, tímida, séria e até inteligente. Mas no fundo, sei que não sou isso. Minha timidez sempre veio da inadequação. Seja do lugar ou das pessoas. Me importava e me incomodava demais. Depois que sai do colégio tudo mudou. Fui para um cursinho (que só me dava sono :P) e depois para a faculdade. Foi ali que parece que minha vida realmente começou.
Me senti mais independente, confiante e pronta para crescer. Depois de um tempo, só tenho amadurecido mais e mais. Tenho entendido mais a vida. E hoje, valorizo cada momento pelo qual passo e cada pessoa que passa por mim. Mas o melhor de tudo, me sinto capaz de andar com meus próprios pés. Já não quero ficar dependendo do meu pai para tudo. Tenho consciência do que é melhor pra mim. Por isso abandono meus rótulos. Só quero saber do agora. E cuidar do que está por vir. Meu passado, deposito no museu, como dizem.
Em mim, só guardo o que foi real, o que aconteceu. Os sonhos ou desejos não realizados não existem mais. Esses já não fazem mais parte de mim.
Pois é, o que 20 anos nas costas não fazem com a gente? =]